quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

PEÇA PRINCIPAL

Meu joelho dói. Queima. Deve ser de tanto rezar, de tanto implorar. De tanto cair aos seus pés. Lamber sua sola. Derreter no seu apartamento, ficar entre os tacos. Te ver lá de baixo, enquanto você me esfrega. Limpa meus vestígios, me lava do seu lençol. Sempre trocando, sempre, pra poder sujar com outro alguém. Pra poder se sujar em outro alguém.

Sua cabeça dói. Explode. Deve ser a culpa, a vontade de parar. De parar de cortar minhas peças, de me jogar no mar. De me olhar de canto, me deixar pra lá.
Vai ao armário – outra garrafa. Abastece e está pronta. Sua alma-transformista te elege rainha. E você acredita em cada fluído que ingere.
Levanta seu cetro e eu caio – de joelhos. Eles queimam.
Levantam sua saia e eu afundo. Me afogo.
Você levanta, de manhã, e sua cabeça dói.