sábado, 19 de junho de 2010

O RINGUE DE DOIS ESTADOS

Manteve o peito fechado o tempo inteiro depois dela. Qualquer faca entortava. Ele, torto, encostava.
Continha uma porta fechada. Um segredo afastado. Uma história inventada.
Outra crônica interrompida. Mais do mesmo. Sempre isso. Mais que isso.
Era meio que uma cegueira proposital. Sentia-se como uma compota de banana.
Assim, ela o deixava de joelhos. Como um pugilista - ele apanhava, ficava inconsciente e continuava de pé para o próximo assalto. De todos os assaltos, o dela foi o único com nocaute. De todas, ela era a única que colocava seu cérebro pra funcionar. Colocava sua cabeça fora do lugar.
Após vários e vários golpes em seu rosto, seus olhos e seu fígado. Após desfocar sua vida inteira. Ele continuava com uma fita em branco. Uma bandeira branca com a velha esperança da paz. A paz que nunca viria.
Agora, aquilo que via com saudade, olha com tristeza. Aquilo que via em branco e vermelho, agora vê em preto e segundo plano.
E daquela tristeza, tão remota da próxima cidade, fez maldade.
Da maldade fez limpeza.
E da limpeza... fez bobagem.