Ficar
descalços na areia; chamar de bobo, mostrar a língua e falar que é feia.
Bonecas de
um lado, bola do outro, sorriso riscado e banco de areia.
Sentar na
calçada, rodar o chinelo, manter a distância e evitar a faísca.
Em mim tu
não encostas. Pra ela arrepio; pra ele, cócegas.
Era guerra.
Era santa. Eram lindas, eram tantas.
Eram tudo o
que elas não queriam querer.
Eles, tudo
evitavam perder.
Fazer fila;
apontar; escolher; gargalhar.
Na caixa de
brinquedos a inocência deixar.
Lhe dar o
caderno e deixá-la escrever.
Não há nessa
rua como não se perder.
Não quer
mais leite no copo. Trocou por café na caneca.
Agora é
sair, contar, inventar, rir. Os outros, inveja sentir.
Ciúme deu
lugar à vergonha. O rosa ao vermelho. E a vontade de mentir.
Sem sorriso;
sem espelho; sem renda e sem festa.
Se trancar
no banheiro, sem heróis nem cavalos que falam inglês.
Ele saiu,
chutar bola, foi brincar.
Ela ficou,
segurar choro, sua última boneca irá quebrar.