quinta-feira, 15 de julho de 2010

O SEU CÃO SEM DONO

Levantei e fui buscar a última latinha de cerveja que ainda gelava no freezer. A única coisa que ainda me fazia companhia, nesse tempo e espaço, era o cachorro que, abanando o rabo, pedia o mínimo de carinho e era ignorado.
A televisão no mudo. A música tocando. E a falta de cigarros.
Faltava, aqui, mais que cigarros. Faltava calor.
Como um bêbado, saí dessa casa, deixando aquele mesmo cachorro sem carinho.
Andei em busca de encontrar a mim mesmo dentro de algo que não existia mais.
Eu não existia mais. Bêbado e, ainda sem cigarros, voltei para o fim. Meu fim era somente o mesmo cão sem dono. O mesmo rabo abanado e sem nada.
Cão, me chama de cão?

Esse texto é do Roberto Neto (Betinho) em homenagem a mim.