
Parece comum a fila do banheiro de um bar. Parece comum aquele rapaz que passa pó no rosto. Não é novidade aquele outro que inspira todo pó que cai. É triste aquela garota que te olha com olhar de pena. Pena de si. Pena de mim por não ter pena dos outros. Viver lamentando a falta de carinho. E a falta de dinheiro para o álcool. E a falta do álcool pára o ar.
- Esse está vazio? - disse ela com olhar distante. Olhar úmido e claro. Agressor e desarmado.
- Não, mas você pode ir na minha frente, se quiser.
- Não quero ser problema na sua vida também...
Na fila do banheiro as pessoas são mais unidas. São mais íntimas.
A decisão de entrarmos juntos não foi minha. Juro. Talvez tenha sido o inconsciente-coletivo. Talvez o não-amor que evaporava por seus olhos. Talvez a carência que escorria com meu suor.
Não há melhor maneira de se encontrar um amor. No esgoto. Ao lado dele. Com o cheiro. Todo o ralo e todos os insetos e roedores.
É de lá que vêm todos os amores. E todos os amantes.
- De onde vem toda a paixão? - acende um cigarro, ainda nua.
- Sei para onde foi. Foi pra longe, longe do meu lado. Com a foice. Quando acreditei que tudo era fato consumado.
- Sua paixão não vem com o prazer?
Paixão e prazer não combinam. Só para os farmacêuticos, que sabem dosar os ingredientes nas medidas certas.
- Meu prazer vem com você. Serviço completo. Como todas as histórias que já foram derramadas nesses lençóis.
- Como a última inocência que derramei em seu cetim?
- E todas as dores e gemidos, grudados nele.
Ela levantou, se vestiu. Foi à torneira e, nela, se afogou.
Voltou ao ponto de partida. No banheiro. No esgoto. Entre todos os odores. Sob todo o excremento.
Depois de anos, ainda me pergunto como foi que tudo aconteceu. Aconteceu tão rápido. Não houve aquela coisa bonita do amor. Que amor? O amor que se foi com a descarga.
Uma cerveja. Outra dose de conhaque. O frio me mata... não o frio externo, o interno. Interno naquele músculo que não pára de bater.
Outro banheiro, outra fila. Outras pessoas; novas histórias. E, quem sabe, outra morte.
E assim, através do mundo, ou da noite. Que giram os dias, se combinam. Que repete. Erram e nos enterram. E nos repetem.
- Esse está vazio? - disse ela com olhar distante. Olhar úmido e claro. Agressor e desarmado.
- Não, mas você pode ir na minha frente, se quiser.
- Não quero ser problema na sua vida também...
Na fila do banheiro as pessoas são mais unidas. São mais íntimas.
A decisão de entrarmos juntos não foi minha. Juro. Talvez tenha sido o inconsciente-coletivo. Talvez o não-amor que evaporava por seus olhos. Talvez a carência que escorria com meu suor.
Não há melhor maneira de se encontrar um amor. No esgoto. Ao lado dele. Com o cheiro. Todo o ralo e todos os insetos e roedores.
É de lá que vêm todos os amores. E todos os amantes.
- De onde vem toda a paixão? - acende um cigarro, ainda nua.
- Sei para onde foi. Foi pra longe, longe do meu lado. Com a foice. Quando acreditei que tudo era fato consumado.
- Sua paixão não vem com o prazer?
Paixão e prazer não combinam. Só para os farmacêuticos, que sabem dosar os ingredientes nas medidas certas.
- Meu prazer vem com você. Serviço completo. Como todas as histórias que já foram derramadas nesses lençóis.
- Como a última inocência que derramei em seu cetim?
- E todas as dores e gemidos, grudados nele.
Ela levantou, se vestiu. Foi à torneira e, nela, se afogou.
Voltou ao ponto de partida. No banheiro. No esgoto. Entre todos os odores. Sob todo o excremento.
Depois de anos, ainda me pergunto como foi que tudo aconteceu. Aconteceu tão rápido. Não houve aquela coisa bonita do amor. Que amor? O amor que se foi com a descarga.
Uma cerveja. Outra dose de conhaque. O frio me mata... não o frio externo, o interno. Interno naquele músculo que não pára de bater.
Outro banheiro, outra fila. Outras pessoas; novas histórias. E, quem sabe, outra morte.
E assim, através do mundo, ou da noite. Que giram os dias, se combinam. Que repete. Erram e nos enterram. E nos repetem.