Naquela
noite ele havia dormido no lugar dela na cama. O lado que havia sido
democraticamente separado só para ela. De manhã preparou seu café, como sempre
faz, e esquentou o leite dela, mesmo sendo alérgico a lactose. Sentou-se só.
Nesse dia ele não saiu para procurar
emprego. Não encheu o saco de ninguém e ninguém o incomodou também. Ele era
fraco. Sempre foi. E ela o conseguia empurrar. Mas, nesse dia, ele precisava de
alguém que o arrastasse. Se arrastou pro bar.
Foram tragos e mais tragos que nem
sei contar. Não lhe trouxeram nada, é claro, mas a cada gole vinha a vontade de
cair no mar. Pediu só mais sete doses - uma para cada dia da semana que seguia.
Pulou as sete ondas e caiu. Não sei bem se o barulho era do vento, das ondas ou
de choro. Mas lembro que o vi levantar antes de cair de novo e se arrastar para
a areia. Esse não foi seu fim. O fim já foi. Esse fim é passado e será
presente.
Estava tarde, ele precisava voltar,
precisava parar de se arrastar no chão. Nessa noite, ele ia dormir no lado dela
do colchão.
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