quinta-feira, 10 de julho de 2008

ENTRE VELAS E BELAS

Tudo gira em volta do seu umbigo, de novo. E de novo o enjôo e o medo desse buraco negro.

Ele sai correndo, foge, pra longe dos berros desesperados da conspiração. Mas é durante a noite que eles falam mais alto, que as luzes brilham mais forte e o vento causa mais cortes. E ele se vira com seu headphone e seus óculos-escuros, mas às vezes é bom deixar a luz cegar, é melhor não enxergar.
Correr não o impede de tropeçar. Ele acha que são esses tropeços que fazem o mundo ao redor do seu umbigo girar mais rápido. Os olhos injetados entregam isso. Sua morfina em cada mesa de bar não disfarça mais. A mascara caiu, e esse buraco o suga com mais força.
É tanta vontade que o deixa tonto. É tanta verdade que não o deixa acreditar. Mas
tanto barulho nesse lugar. Tanto barulho que tem de escolher um pra escutar. E é sempre o errado. Sempre o mesmo. O que tem a voz mais sedutora, o que não te chama pelo nome. E esse tudo, agora gira em sentido anti-horário, esse buraco nunca vai sumir.
E ela... Bom, ela bem tentou puxar sua mão.

3 comentários:

June disse...

sempre escutamos a voz errada, anyway. e mesmo que alguém queira 'puxar a nossa mão', só nós mesmos é que podemos nos ajudar...

Raisa. disse...

Nenhum barulho tem o direito de dizer nosso nome, mas sempre podemos obtar as crateras não somem, armazenam imãs e puxam mais forte, sempre. sem escolha.


Gosto das tuas palavras, sempre vertendo, sangue. ou qualquer coisa que escorre.

Padmei disse...

tenho preguiça demais pra tentar definir o que é "verdade"... mas tá aí no seu texto um exemplo do que isto seja. qualquer coisa que seja, é assim que acontece. não é mesmo?