quinta-feira, 25 de setembro de 2008

FALÊNCIA

As cores têm ficado saturadas, nessas últimas noites. Últimas com contagem regressiva. Tudo preparado para a implosão.
Eu só queria um cobertor pra me proteger das fagulhas, das agulhas. Eu sinto quando estamos próximos, os dedos do pé congelam, as veias atrapalham meu caminho, a sombra segue cada passo. E a cada passo meu pé dói mais.
Medo de te convidar pro meu refúgio, de tentar te proteger. Acabar por derreter.
Medo de pensar que esses gemidos foram em vão. Repetidos sonhos, vão.
A janela está aberta, para qualquer um assistir o que quer que aconteça. Melhor que não aconteça nada. Eu nunca dei opiniões, nunca quis me intrometer. Achava melhor sentar numa árvore e rabiscar papéis imaturos, escrevendo contos-de-fadas. Agora prefiro os romances. Mas chove tanto por aqui, que minhas escritas foram apagadas.
Vejo no espelho alguém cansado de ser empurrado pro fundo desse poço, cada vez mais fundo, mais imundo.
Agora cercam minha torre com explosivos. Quero meu edredom, quero proteção. Queria poder sair. No fim, me aquece o fato de você não estar aqui, pra me ver cair.

Um comentário:

Rafael R. V. Silva. disse...

Tem um tepinho que não passo por aqui...
lembrei o quanto é bom te ler.

abraço.